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CREA-PB Martins Lucena Arquitetos Escritórios modernos
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CREA-PB Martins Lucena Arquitetos Escritórios modernos

Sede da inspetoria do CREA-PB em Campina Grande-PB

O anteprojeto em questão, referente à instalação da Inspetoria do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Paraíba em Campina Grande, surge no contexto atual das construções sustentáveis, incorporando os vários conceitos de economia energética e reduzido dano ambiental, tanto em seu processo de execução como de utilização.

Sobre este tema entende-se que a correta arquitetura por si só já engloba conceitos de sustentabilidade e racionalidade, quando se compromete com a otimização de seu desempenho em relação às atividades que vai abrigar, considerando uma adequação material, funcional, estrutural e formal às necessidades do edifício. Paralelo a isto, o desenvolvimento da tecnologia permite agregar, cada vez mais, novos recursos de cunho sustentável ao projeto de arquitetura. Estas ações sendo extensivas ao tratamento das áreas externas e ao entorno no qual se insere, conferem ao projeto uma eficiência sustentável transformando a Arquitetura em um dos principais agentes de transformação, que aliado a outras disciplinas de ação holística contribuirão para a construção de um futuro melhor para a humanidade. Diante desta perspectiva, a concepção desta proposta toma como ponto de partida a incorporação dos critérios de sustentabilidade aplicados à construção (princípios de eco-eficiência e conforto ambiental) às questões fundamentais da arquitetura referentes à funcionalidade, estabilidade e estética (utilitas, firmitas e venustas, segundo Vitrúvio).

Para tanto, parte-se da correta orientação do edifício no lote (eixo longitudinal no sentido Leste-Oeste) para assegurar-lhe um melhor rendimento bioclimático. Como conseqüência, a implantação da edificação na diagonal do terreno repercute no partido adotado, o qual tira proveito dos espaços livres criados adjacentes às maiores fachadas da edificação. Este, por sua vez, mostra-se como fator fundamental na valorização do caráter institucional do projeto, além de permitir uma inserção urbana mais democrática e inusitada no entorno imediato ao prédio.

Além dos desdobramentos relativos à implantação do edifício, outros princípios projetuais são levados em conta. É sabido que a inspetoria de Campina Grande apresenta um crescimento de 20% no volume de consultas por ano. Por esta razão faz-se necessário conceber a nova edificação de maneira a assegurar-lhe o critério de Expansibilidade, permitindo que seja ampliada evitando o surgimento de apêndices volumétricos. Como conseqüência imediata a esta questão, torna-se também necessário a Flexibilidade de seus ambientes, permitindo a reutilização dos mesmos sem a necessidade de reformas internas, reduzindo gastos e tempo de obra. Assim, o princípio da Contigüidade também se mostra indispensável, garantindo que não haja uma descontinuidade nos espaços destinados aos ambientes de trabalho.

Em resposta a esses critérios, principalmente ao da Expansibilidade, faz-se uso da estrutura metálica, permitindo agilidade, limpeza e reduzido custo às obras de ampliação.

Soma-se a tudo isso a utilização de recursos de captação de águas pluviais nas superfícies pavimentadas e do espelho d’água conduzidos para reservatórios de tratamento inferiores, e posterior utilização na manutenção do nível do espelho d’água e da reserva de incêndio, além da irrigação dos jardins elevados no térreo.

O tratamento e reaproveitamento de águas cinza são feito individualmente em cada lavabo através do sistema da linha Rocca (bacia e pia acoplada W+W), evitando assim custos com instalações de tratamento extras.

As águas negras são tratadas por uma pequena estação eletrolítica e reservatórios de decantação seqüenciais, sendo reaproveitadas para a irrigação subterrânea contínua dos jardins para o nível do meio subsolo.

A utilização racional da energia elétrica é viabilizada através do consumo misto que envolve a geração própria em sistemas de células fotovoltaicas e turbina eólica. Estes são conectados à rede pública através de medidores, os quais possibilitam o fornecimento do excedente de energia gerada no período diurno, financiando o recebimento da concessionária no período noturno ou de interrupções do sistema de geração.

O somatório de todas estas ações sustentáveis, seja de arquitetura ou de tecnologia empregada, contribuirá para a independência total da edificação, buscando uma proposta sadia ao ambiente, a si mesma e a seus usuários.

MACROCLIMA E IMPLANTAÇÃO

As condições bioclimáticas são determinantes na implantação do edifício no lote. Seu eixo longitudinal disposto no sentido Leste-Oeste garante que todos os ambientes de longa permanência encontrem-se com aberturas nas fachadas Norte-Sul, de permanente ventilação provinda tanto do sentido Sudeste como Nordeste, e aproveitamento da iluminação natural.

Tal implantação – inserção de um prisma de base retangular no sentido da diagonal do terreno também retangular – cria duas áreas livres opostas entre si, gerando a conseqüente conformação de dois espaços de convivência: um voltado para a rua, de caráter semi-público; outro junto aos limites laterais do terreno, ampliando o hall de acesso (exposição/eventos) ou somando-se ao uso diário para o lazer contemplativo. Ainda, ao mesmo tempo em que valorizam a proporção vertical da edificação, estabelece uma distância entre a edificação e a esquina, criando um passeio de aproximação a partir da rua até o acesso principal do edifício, contribuindo para a percepção do seu caráter institucional. Por fim, desempenha o papel de dotar os ambientes internos de conexão visual às áreas externas, tratadas no paisagismo, valorizando os elementos de amenização ambiental (espelho d'água e filtro vegetal).

O estacionamento para visitantes situa-se ao longo dos recuos do lote, enquanto os veículos de serviço/ funcionários encontram-se num pavimento semi enterrado, por onde ocorre também o acesso para os serviços em geral.

LOTE E CONTEXTO URBANO

O terreno disponibilizado é privilegiado por se encontrar num trecho da malha urbana situado entre duas grandes vias de circulação – Rua Oswaldo Cruz e Avenida Floriano Peixoto – próximo à área central da cidade, com seu entorno caracterizado pelo predomínio do uso residencial e serviço de bairro.

Além disso, revela uma vantagem em relação aos demais lotes do mesmo entorno por estar localizado na esquina das únicas vias desse trecho que não funciona como conexão direta entre aquelas duas de maior porte. Assim, viabiliza e valoriza a decisão projetual de criar um espaço livre diante da edificação, conferindo ao seu entorno um qualitativo urbano.

PARTIDO ARQUITETÔNICO

Considerando-se o perfil do terreno em desnível, optamos por sua regularização em um patamar elevado 1.50m da Rua professor Capiba, e o rebaixamento apenas de uma pequena porção para abrigar o estacionamento interno. A partir deste ponto, segue-se uma seqüência de níveis articulados por uma caixa de circulação vertical. (1)

O volume construído, caracterizando-se inicialmente como um prisma de base retangular, é verticalizado em quatro pavimentos, sendo a última laje aproveitada para criação de um terraço pergulado, que suporta os equipamentos de geração de energia limpa e abriga um ambiente para lazer e eventos, com um apoio de copa e um mirante aberto para a cidade.

Esta solução do partido vertical deriva da setorização do programa apresentado em quatro grupos funcionais: A) Serviços: estacionamento, almoxarifado, área de serviço, depósito de material de limpeza, WC funcionários, triagem de lixo; B) Atendimento Público: recepção, WC público, Atendimento e espera, agência bancária e Mútua; C) Administração: secretaria, arquivo, diretoria, reuniões, fiscalização, arquivo; D) Cultural: hall de exposições/foyer e auditório. Assim, cada pavimento corresponde a um desses grupos. (2)

Através da verticalização e do recuo fixo permitido para a circulação vertical atribui-se ao projeto o critério de Expansibilidade, possível com o uso modulado e flexível da estrutura metálica, permitindo o desmonte da pégula técnica do pavimento cobertura e seu remonte, mantendo a integridade do coroamento proposto.

Os critérios de Flexibilidade Contigϋidade entre os recintos de trabalho também foram incorporados ao projeto a partir da divisão dos pavimentos em dois setores unidos pelo hall de acesso: o primeiro referente à torre que contém circulação vertical, lavabos e instalações prediais, e o segundo configurado como planta livre, onde são instalados os demais ambientes, separados por divisórias removíveis que permitem plena liberdade de layout. (3)

FUNCIONALIDADE

A dinâmica funcional da proposta objetiva a fluidez espacial e a continuidade dos acessos. Partindo do nível da rua, locamos os estacionamentos públicos nas laterais da esquina (sudeste e sudoeste) e o estacionamento privado em um meio subsolo (lateral nordeste). O acesso público foi locado na esquina diagonal sul-norte como uma pequena esplanada que cruza o jardim frontal e o hall de exposições até a praça de eventos no extremo da diagonal norte. O hall de exposições faz conecções com setor de atendimento (leste) e o bloco de escadas/elevadores (oeste) este fazendo as ligações com os demais pavimentos tipo.

ESTRUTURA

O sistema estrutural misto adotado, com pilares modulados em pares a cada 4,50 m ao longo do eixo leste/oeste, apóia vigas e lajes steel deck que avançam lateralmente em balanços de 1,00m para promover suporte ao sistema de esquadrias e brises que envolvem os ambientes de trabalho em todos os pavimentos tipo. Este conjunto estrutural é coroado com um pergulado com vão de 6,00m que pode desmontado para a inclusão de outros pavimentos tipo e remontado logo acima para suporte dos equipamentos e arremate formal do edifício.

VOLUMETRIA

O volume arquitetônico decorrente do partido adotado é constituído por um paralelepípedo transparente, composto por uma sucessão vertical de lâminas horizontais (lajes e brises) apoiadas nos pilares metálicos e nas duas torres que abrigam o elevador e os WCs, conferindo verticalidade ao conjunto. Para evidenciar ainda mais a leveza da composição recuamos as esquadrias de fechamento para o nível dos pilares no pavimento térreo e no terraço superior. Protegendo a fachada oeste locamos o volume das escadas apoiados em uma fina empena que permite a proteção da insolação poente e continua horizontalmente como pergulado no terraço superior.

MATERIAIS

A especificação adotada objetiva a otimização de recursos e a padronização dos pavimentos com o uso essencial de materiais que desempenham funções de vedação e revestimento. Os pisos são em concreto, lavado no exterior e polido no interior, as poucas paredes de alvenaria existentes recebem revestimento em massa hidrofugante texturizada, já os fechamentos em esquadrias/brises de alumínio e vidro promovem proteção solar e controle térmico natural às áreas de trabalho. Os tetos são compostos por painéis termoacusticos removíveis que permitem acesso aos sistemas de instalações que permeiam todos os pavimentos proporcionando total flexibilidade de uso.

Projeto – Concurso Nacional para a sede da inspetoria do CREA-PB (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Paraíba) em Campina Grande/PB;

Prêmios – Segundo Lugar no Concurso Nacional de Anteprojeto em 2010 e Terceiro Lugar na Premiação IAB-PB na categoria Edificação Pública ou Institucional em 2012;

Arquitetos – Antônio Cláudio Massa, Antônio Farias Jr, Kleimer Martins, Márcio Lucena, Rafael Queiroz, Tadeu de Brito e Thiago Bezerra;

Colaboradores – Arnaldo Pereira Jr e Ciro Othon;

Local – Campina Grande, Paraíba, Brasil;

Ano – 2010;

Área do Terreno – 780,59 m²;

Área Total de Construção – 750,00 m²;

Tipologia – Subsolo + Térreo + 03 Pavimentos;

Modelagem 3D – Ciro Othon;

Imagens 3D – Antônio Farias Jr, Arnaldo Pereira Jr e Ciro Othon.

Créditos fotográficos: Antônio Farias Jr
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