Casa do Arquiteto, Jirau Arquitetura Jirau Arquitetura
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Casa do Arquiteto

A hora de projetar a sua própria residência é sempre um momento de muitas perguntas.

Uma situação onde muitas condicionantes estão em jogo. Pode-se projetar sem a presença e as interferências do cliente. Está ali a oportunidade de se por no papel tudo em que se acredita, de materializar discursos e até, de ser cobaia das próprias ideias.

Mas uma coisa era certa:

Tinha que ser uma casa, não uma vitrine!

No projeto, optamos por projetar os espaços antes mesmo das formas, que seriam organicamente equilibradas com o decorrer do processo.

Como era desejado pelo nosso estilo de vida, mais reservado, gostaríamos de ter uma casa onde os ambientes se voltassem não para o exterior, mas sim para um pátio interno, onde teríamos a privacidade e a intimidade aspiradas.

Desse modo, foi escolhido um terreno de esquina com frentes poente e norte, restando assim às faces leste e sul, de melhor ventilação, no interior do lote, para onde estariam voltados todos os ambientes da casa.

Dessa forma as fachadas voltadas para a rua são mais opacas, o oposto das superfícies abertas e transparentes que estão voltadas para o pátio interno.

Esse pátio é o protagonista do projeto. Antes mesmo da construção, em escala de importância, os espaços não construídos são o elemento principal para estruturação dos ambientes.

A ideia seria ocupar a menor área possível de terreno com construção no nível térreo.

Para tanto dos 375,00m² do lote, apenas 75,00 m², foram utilizados para a distribuição de estar, cozinha, lavabo e área de serviço.

A área restante, toda, está aberta e distribuída entre jardins internos, externos e terraços.

Uma parede sinuosa, construída em tijolo de dois furos aparentes, assentados com os furos expostos, como uma espécie de cobogó, faz às vezes de elemento divisor do ambiente público e do ambiente privado.

Ela ao mesmo tempo em que permite a fluidez da ventilação, já que é vazada, também resguarda a intimidade da área de lazer aberta para o pátio interno, carinhosamente chamada de “bebódromo”, nomenclatura muito usada nos projetos do escritório de Wandenkolk Tinoco.

Além disso, é ela que marca e conduz o visitante a ponta de acesso social.

No pátio, os jardins são montados da maneira mais espontânea e orgânica que se possa imaginar.

Não há uma definição projetual, mas sim uma coleção de plantas que se complementa a cada visita que faço às sementeiras.

O arquiteto é o jardineiro, e o jardim é a sua principal atividade de relaxamento.

No pavimento superior, sobre a laje da cozinha, foi implantada uma horta, onde são cultivadas verduras hortaliças e algumas ervam medicinais.

O conforto térmico foi outro ponto de grande atenção no projeto.

Em se tratando de uma construção nos trópicos, a boa e velha arquitetura moderna da Escola Pernambucana, e os textos do “Roteiro Para Construir no Nordeste” de Armando de Holanda, serviram de chão para estruturação de várias soluções.

A casa possui ambientes com ampla iluminação natural, circulações cruzadas de ar, coberta com beirais para proteger a incidência direta do sol e bons espaços destinados a terraços, onde a sombra, bem vinda e protetora, cria um ambiente de transição entre o fora e o dentro.

Na área social, uma parede dupla e ventilada protege o poente e confere ao ambiente da sala, que tem pé direito duplo, o conforto térmico necessário. Ainda nesse espaço, o flanco voltado para o norte, recebeu um brise de madeira que impede qualquer incômodo com a entrada excessiva da luz solar, principalmente nos meses de verão, quando o sol se inclina nessa direção. Esses brises permitem que a sala se abra para a vista ou controlam a entrada da luz quando é conveniente.

No pavimento superior, circulação e banheiros cumprem a função de proteger os quartos da insolação. Dessa forma, somando-se o isolamento térmico aos grandes vãos de esquadrias, a casa se mantem sempre fresca e arejada.

Reservatório superior e local para condensadores Split estão abrigados no interior do volume amarelo que aparece na parte superior da fachada oeste.

Essa casa tem um projeto desprovido de vaidade, onde a única intenção seria criar espaços para a convivência, para receber os amigos e a música, sempre presente nesses encontros.

Espaços para as crianças espalharem seus brinquedos e passar as horas de ócio necessário.

Espaços para as brincadeiras e os banhos de mangueira nos dias de sol.

Cantos para ler um bom livro, ou apenas para parar e contemplar os jardins.

A casa é estranha ao que está no inconsciente das pessoas quando se pensa no estereótipo da residência.

Aquela casa é como uma roupa de alfaiataria, que só cabe para quem foi projetada.

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